sexta-feira, 29 de abril de 2011

Historia Natural

 A história natural precisa da hepatite C é difícil de avaliar pela falta de dados prospectivos, dificuldade de definir a data da transmissão e associações com outros fatores que alteram o curso da doença, como co-infecções e uso de álcool.
   A hepatite C aguda é assintomática em 84% dos casos, o que dificulta o diagnóstico. O tempo de incubação (entre o contato com o vírus até o desenvolvimento da hepatite aguda) é de 15 a 60 dias (média de 45 a 55 dias), mas a pessoa já pode transmitir a doença mesmo antes disso. Os sintomas mais comuns são icterícia, fadiga, febre, náusea, vômitos e desconforto em hipocôndrio direito, geralmente 2-12 semanas após a exposição e dura de 2 a 12 semanas. O diagnóstico da fase aguda requer a realização de PCR, uma vez que infecções agudas podem ser soronegativas.

                                                                           

O principal fator que leva à grande importância da hepatite C é a sua alta cronicidade. Apenas 15 a 30% das pessoas infectadas pelo vírus da hepatite C curam espontaneamente, enquanto 70 a 85% ficam com hepatite crônica. Persistindo a viremia, a progressão do dano hepático é de um estágio de atividade ou fibrose a cada 7-10 anos. Aproximadamente 20 a 30% dos portadores de hepatite C crônica desenvolvem cirrose após 10 a 20 anos de infecção.
    Observe que, apesar de ser uma doença que pode levar a um grande número de cirroses e cânceres por estarmos em uma epidemia, a maioria das pessoas que adquire a hepatite C, a maioria das pessoas infectadas não apresentará complicações relacionadas a essa doença durante a sua vida ! Assim, uma das principais questões em estudo na hepatite C é como prever quem desenvolverá complicações da hepatite e quem permanecerá com doença leve ou inativa. Por enquanto, só sabemos que portadores que adquiriram a infecção mais novos, os com elevados níveis de ALT (que indicam doença com maior atividade) e naqueles que já tem um grau moderado de fibrose (cicatrizes) ou progressão na fibrose em biópsias com intervalo de 3 a 5 anos têm maior propensão a evolução para cirrose. A presença de outros fatores, como sexo masculino, hemocromatose, consumo de álcool, co-infecções pelo HBV ou HIV, imunossupressão (após transplante) e, possivelmente, a esteato-hepatite não alcoólica, aceleram a progressão da doença.
   Sempre se soube que alguns indivíduos, sem outros fatores de risco aparentes, como a co-infecção com vírus da hepatite B ou HIV ou uso de álcool, estão mais predispostos a desenvolver cirrose do que outros, mesmo que o vírus seja da mesma genotipagem. Recentemente, foi descrito que um conjunto de 7 genes estaria associado a um risco maior de desenvolvimento de cirrose. A pesquisa destes 7 genes levaria ao cálculo de um índice denominado "CRS" (cirrhosis risk score), que poderia prever que pacientes teriam maior risco de desenvolver cirrose e, portanto, teriam indicação de tratamento mais agressivo. No entanto, ainda faltam estudos para validar este método.
 

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